A revista “Piauí” de agosto de 2011 publicou um artigo intitulado Minha dor não sai no jornal*, escrito por um jornalista anônimo, que há cerca de quatro anos trabalhava para o jornal “O Dia” do Rio de Janeiro e fora convocado pelo então diretor, Alexandre Freeland, para fazer uma reportagem investigativa sobre a atuação de milícias numa favela carioca, que deveria ser mantida em sigilo. Depois de se passar por morador durante alguns dias, ele descobriu que um deputado e um vereador estavam envolvidos com as atividades ilícitas dos milicianos naquele aglomerado. Na noite em que ele relatou por telefone esta informação à direção do jornal, os milicianos o capturaram. Ele e a repórter foram torturados brutalmente. O mais revoltante é que quem informou à milícia da presença dos jornalistas foi gente do próprio jornal. Eles têm gente em todas as redações de jornal e televisão do Rio de Janeiro. O jornalista não foi morto para viver em constante terror. Esta foi a sentença que seus algozes lhe imputaram à eternidade. Hoje, depois de tanto tempo, ele vive sem a família e os amigos, longe do Brasil, com uma outra identidade por não ter garantia de vida por parte do Estado brasileiro. Seu relato é impressionante. Tristíssimo, mas imprescindível.
*http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-59/historia-pessoal/minha-dor-nao-sai-no-jornal